Apesar da pergunta na entrada do evento, primeiro dia do Web Summit Rio mostrou que, mais do que esperar, o papel das marcas é construir o futuro
"Em um mundo dominado pela IA e pela tecnologia, marcas só serão relevantes se defenderem propósitos autênticos, criarem experiências que encantem e gerarem impacto em suas comunidades." Essa frase não foi dita por nenhum dos palestrantes do Web Summit Rio, mas foi a mensagem deixada por tudo o que vimos no primeiro dia do evento de inovação.
Logo na entrada de um dos pavilhões, uma ativação interativa no espaço de um banco, descrita como uma experiência imersiva única, usando sensores para capturar e transformar os sentimentos das pessoas em imagens produzidas por inteligência artificial, resumiu os conceitos principais que vimos e ouvimos muito ao longo do dia: um futuro em que a tecnologia transforma emoções em dados para criar experiências especiais e personalizada, surpreendendo e conquistando o público.
IA, emoção, transformação, propósito, personalização, coragem, impacto conexão e comunidade foram alguns dos termos mais usados pelos palestrantes no primeiro dia de apresentações. Confira alguns dos temas que foram destaque nos palcos.

Ética, posicionamento e inovação
"A principal forma de comunicação de uma empresa é o modo como constrói seu negócio. Por isso, antes de pensar em como vai se comunicar, é preciso que uma marca defina o que quer fazer para impactar o mundo, quais são seus valores e o que ela defende. Construa sua ética e depois sua estética.", Paula Englert, CEO da Box1824 .
A ética em relação ao uso de IA e a necessidade de regulamentação do uso da tecnologia também surge como uma preocupação: "A inovação alimenta a economia, mas a ética também é importante para inovação e para a competição", Carine Roos, fundadora da Newa.
Propósito e conexão com a comunidade
Entender realmente seu público e descobrir como criar conexão com e entre as pessoas será um dos grandes diferenciais das marcas daqui para a frente. NVIDIA,BURGUER KING e Android são bons exemplos de como isso pode ser feito de maneiras diversas e alinhadas ao posicionamento da marca.
A primeira, foca em educação e apoio ao uso de novas tecnologia por comunidades de pesquisadores e desenvolvedores, criando o programa AI Nation para alimentar e envolver o ecossistema de tecnologia na América Latina, como contou Marcio Gomes de A., Executive Director of Enterprise Sales da empresa.
Já o BK, para quem "a zoeira never ends", como resumiu Ariel Grunkraut, rackeia trends e criou campanhas desafiadoras e divertidas para conquistar o desejado público de gamers, inspiradas no glitch dos jogos e usando os nomes nos rankings para viralizar a receita do Whopper.
Melissa Jackson Parsey e Robin Forbes contaram como a R/GA fez o rebrand do sistema operacional Android, criando uma personalidade para a marca capaz de se comportar com muita personalidade em diferentes plataformas e contextos, interagindo com o público por meio de conexões culturais.
AI como ferramenta de personalização e potencialização da criatividade
Quebra de privacidade, viés de discriminação, automatização de trabalho, armas biológicas e criação de notícias falsas são alguns dos riscos que acompanham o desenvolvimento da IA sem a regulamentação adequada, segundo Carine Roos. "É sempre sobre dinheiro. Deveríamos priorizar as pessoas acima do dinheiro, mas isso não está acontecendo hoje em dia."
No entanto, os benefícios do uso também são enormes. "Enquanto a IA assume tarefas repetitivas e burocráticas, os profissionais estão descobrindo uma nova liberdade criativa para se envolver em projetos que os inspiram. Esta mudança não apenas simplifica nossas vidas, mas também nos desbloqueia para explorar novas formas de colaboração com a tecnologia, Jeff Geheb, executivo-chefe de experiência global da VML.
Desafios do Brasil e do Sul Global
Retenção de talentos para pesquisa e desenvolvimento tecnológico, regulamentação do uso de IA para proteger as pessoas e a democracia e a superação de preconceito e racismo por parte das empresas para que passem a direcionar investimentos para valorização da cultura afro-brasileira que gerem impacto real, principalmente financeiro sustentável são alguns dos desafios a serem enfrentados pelo Brasil e pelos países do sul global.
"Vamos falar menos de inovação e mais de impacto social e criativo. Temos que prestar mais atenção em impacto do que em inovação porque é Isso que gera criatividade e é dela que vem a inovação" disse Pedro Tourinho, Secretário de Cultura e Turismo de Salvador.
Fica a mensagem de que é crucial lembrar a importância das conexões humanas, de interações pessoais e relacionamentos significativos. As marcas têm o poder de reforçar essas conexões e ajudar a reconstruir um senso de comunidade em um mundo cada vez mais digital.
Em última análise, o futuro da interatividade depende de nossa capacidade de encontrar um equilíbrio entre tecnologia e humanidade. Ao adotarmos uma abordagem responsável e centrada no ser humano, podemos aproveitar ao máximo as oportunidades oferecidas pela era digital e criar um futuro mais conectado e inclusivo para todos.
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